Editorial

Silêncio contraproducente

É muito justa a luta dos delegados do Rio Grande do Sul por valorização salarial e estrutural. Na página 21 de hoje, a editora de Segurança do DP, Cíntia Piegas, traz uma entrevista com o presidente da Associação dos Delegados e Delegadas de Polícia Civil (Asdep) explicando a reivindicação que culminou em um movimento de silêncio por parte da categoria. É importante e necessário lutar por qualidade para um setor que tanto contribui - os indicadores criminais estão aí, constantemente em queda, para provar. Mas o silêncio é a melhor maneira?

Soa corporativista e rançoso um veículo de imprensa posicionar-se assim. Ninguém leva para o pessoal, por óbvio. Na própria entrevista é deixado claro que não há nada contra a imprensa ou população, apenas uma medida para tentar pressionar o governo de Eduardo Leite durante as negociações, que pouco avançaram em mais de um ano de conversas. No entanto, ao silenciar, a categoria acaba, indiretamente e sem querer, afetando uma luta também diária que é o combate à desinformação, que é feito justamente com informação correta e bem apurada, algo que só a imprensa tradicional demonstra capacidade e vontade de fazer.

Vivemos em uma era em que a desinformação bate à porta por diversas frentes. Por aplicativos de mensagens instantâneas, por redes sociais, por boca-a-boca, enfim. É muito fácil tropeçar em alguma mentira. Quando envolve segurança pública, é ainda pior. Não são poucos os relatos Brasil afora de linchamentos, vinganças e tudo mais de casos que depois não se confirmaram. Aqui em Pelotas, cada vez mais surgem perfis e grupos que reproduzem qualquer coisa sem filtro. Outro dia mesmo, noticiaram a morte de um casal. Não aconteceu. Depois, um suposto suicídio por eletrocutamento em um poste. Também não era verdade. O Diário Popular, em ambos os casos - e incontáveis outros - fez a checagem e não embarcou. É o básico da imprensa tradicional.

Checar depende do contato direto com os órgãos de segurança. Esperamos que esse vínculo se mantenha, pelo menos para confirmar ou negar. E torcemos muito para que a categoria receba a valorização devida e merecida. O trabalho dos delegados gaúchos é visivelmente bem feito e gera resultados gritantes.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Novos critérios de igualdade salarial entre homens e mulheres

Próximo

Anatomia de uma Queda

Deixe seu comentário